QUESTÃO DE SENSIBILIDADE


QUANDO ME DISPONHO A REFLETIR baseado num olhar sobre a sociedade, tenho a impressão de que, quanto mais avançamos nos campos da tecnologia, medicina, ciência e saber humano, os relacionamentos interpessoais parecem ir na contramão, deteriorando-se cada vez mais. Será apenas uma impressão infundada ou exagerada em sua avaliação? Acredito que não...

O que falta para os relacionamentos se tornarem mais saudáveis, sólidos e realmente gratificantes? Creio que a grande maioria diria sem medo de errar: o amor!

Concordo que o amor é elemento fundamental não só para os relacionamentos, como para tudo o que empreendemos na vida. O amor é básico e primordial para ligar e unir pessoas; promover perdão e reconciliação; dar valor e sentido às ações que realizamos e proporcionar perspectivas para se viver.

Mas creio, também, que um elemento importante até mesmo para potencializar o amor em sua aplicação na vida e nos relacionamentos, chama-se SENSIBILIDADE.

É a capacidade de ser sensível ao outro no tocante às suas necessidades, valor e significado. Tendemos a olhar para o outro através das lentes do egoísmo próprio, ou seja, pensando apenas em nós mesmos. Na verdade, costumamos não olhar as pessoas através de uma lente, mas de um espelho. Cobramos das pessoas quando elas não possuem o que seja do nosso interesse. Criticamos nos outros o que faríamos diferente. Apreciamos mais aqueles que compartilham da mesma opinião que a nossa. Temos pena de quem não é o que gostaríamos que fossem. Nos julgamos superiores a quem definimos como inferiores. Catalogamos pessoas segundo o nosso juízo e padrões.

A insensibilidade tem decretado lentamente a morte de muitos relacionamentos. Ela tem o poder de nos cegar, impossibilitando-nos de ver a beleza que alguém possui, mesmo quando ela não se encaixa nos tiranos padrões de estética que a sociedade define. A insensibilidade é consequência de um coração que se deixou endurecer, de uma alma que se deixou amargar, de sentimentos que se permitiu esfriar. Pessoas insensíveis correm grandes riscos de colecionar perdas irreparáveis. Pessoas insensíveis costumam manter-se encarceradas na solidão, mesmo estando no meio da multidão.

Todos nós já fomos insensíveis algumas ou muitas vezes. Com certeza, os resultados não foram muito favoráveis. Felizes são aqueles que resolvem mudar, aprendendo que relacionamentos não sobrevivem no ambiente inóspito do egoísmo, mas no terreno fértil da sensibilidade para com aqueles que Deus coloca perto de nós. Deus é sensível às nossas necessidades e nos ensina a imitá-lo para com as pessoas que cruzarem o nosso caminho.

Se vivermos com mais sensibilidade nos relacionamentos, eles se fortalecerão de tal forma que nenhuma circunstância será capaz de enfraquecer. Vamos cultivar mais sensibilidade na família, no casamento, nas amizades construídas, nas relações profissionais, no lidar com o outro e também, no relacionamento com Deus. Dessa forma, faremos mais pessoas felizes e veremos nosso coração satisfeito por um lindo sentimento de ser útil.

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